O que aconteceria com o setor de pesquisa de mercado se não houvesse pessoas suficientes dispostas a participar e fornecer feedback? Você sabe qual é o nível de confiança na pesquisa de mercado em países como o México?
A pesquisa de mercado depende da disposição das pessoas em compartilhar informações, participar de pesquisas ou questionários e fornecer o feedback solicitado.
Um dos aspectos mais importantes de qualquer estudo de pesquisa é a confiança dos participantes. É bastante comum que haja algum nível de preocupação quanto à confiabilidade e ao tratamento dos dados compartilhados.
Nível de confiança na pesquisa de mercado no México
Pesquisas online são seguras? Atualmente, os participantes de pesquisas de mercado se preocupam com a forma como seus dados pessoais são utilizados. Essa é uma preocupação global, não apenas no México.
Com essas informações, é possível realizar análises para entender preferências, decisões, gostos das pessoas, descobrir o que elas pensam sobre produtos e serviços, entre outros insights.
A coleta de dados pessoais é uma fonte de preocupação para os participantes, e por isso existem algumas recomendações, como realizar pesquisas anônimas ou coletar dados confidenciais apenas quando estritamente necessário.
Construir confiança em pesquisas de mercado não é tarefa fácil. Por isso, a GRBN, uma aliança internacional que reúne mais de 50 associações profissionais de pesquisa de mercado e órgãos relacionados ao redor do mundo, conduz estudos frequentes para monitorar a confiança pública no uso e tratamento de dados pessoais e de opinião compartilhados pelas pessoas. Esses estudos avaliam como os dados são tratados não apenas pelo setor de pesquisa de mercado, mas também por outras instituições.
A GRBN conta com empresas em cada país para conduzir o estudo. No México, a Provokers OdelaRoquette foi responsável pela coleta e análise de dados sobre o tema.
Jorge Maldonado, CEO da Provokers OdelaRoquette, liderou o projeto, que incluiu uma pesquisa de opinião sobre o nível de confiança em pesquisas de mercado, especialmente no que diz respeito à coleta e ao uso de dados pessoais.
O estudo também foi realizado em outros países, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Austrália, Brasil, Nova Zelândia e Reino Unido, entre junho e julho do ano passado, seguindo o mesmo protocolo de pesquisa para possibilitar uma análise comparativa dos dados.
Confiança em agências de pesquisa de mercado vs. outros setores
O projeto GRBN, conduzido globalmente, incluiu mais de 7.000 entrevistas. Entre os entrevistados, 26% afirmaram confiar em agências de pesquisa de mercado. No México, 43% dos entrevistados declararam confiar no setor.
Quais países apresentam menor confiança no setor de pesquisa de mercado? Qual é o nível de confiança das pessoas nas informações disponíveis na internet?
Se você quiser saber mais sobre o assunto e ver todos os resultados do estudo GRBN, convidamos você a assistir ao webinar “Estudo do Nível de Confiança em Pesquisa de Mercado”, liderado por Alex Garnica, vice-presidente executivo da AMAI, e Jorge Maldonado, gerente geral da Provokers OdelaRoquette.
Eles também abordam as preocupações em torno do uso indevido de dados pessoais em pesquisas, bem como várias descobertas relevantes deste importante estudo.
Agora estamos compartilhando algumas das perguntas e respostas que os participantes do nosso webinar gentilmente nos enviaram e que nossos palestrantes, Alex Garnica e Jorge Maldonado, responderam:
- Existem maneiras de coletar informações do nosso público-alvo de uma forma mais sutil?
Alex Garnica: “ Existe um grande número de protocolos de pesquisa atuais nos quais as pessoas não são questionadas diretamente, mas sim registradas em seu comportamento e coletadas informações sobre quem elas são.
De qualquer forma, seja para questionar alguém ou extrair dados já existentes em um banco de dados, deve haver um protocolo muito rigoroso em relação à confidencialidade do informante. É por isso que, sempre que fazemos uma solicitação de algo ou alguém assina um serviço, é sempre solicitada sua autorização para salvar ou usar os dados compartilhados.
É muito importante ter cuidado com isso porque, infelizmente, nem todos que solicitam dados têm o mesmo nível de ética.
Jorge Maldonado: “No caso da Provokers, abraçamos totalmente a era digital, e fazemos isso por meio das Comunidades Insights, onde buscamos estabelecer um relacionamento pessoal com cada um dos informantes que contatamos, não apenas uma vez, mas ao longo do tempo. Nosso objetivo é que esse relacionamento seja semelhante ao que uma pessoa teria em um relacionamento normal com seu parceiro, amigo ou funcionário, e solicitamos informações pessoais apenas na primeira vez, armazenando-as em um banco de dados.”
- Quão confiável é o uso dessas tecnologias de marketing mencionadas?
Jorge Maldonado: “Confidencialidade e privacidade de dados são questões muito delicadas, e definitivamente precisamos contar com provedores, sejam agências de pesquisa ou empresas de software, que nos deem total confiança de que as informações estarão 100% seguras. E, como Alex disse, buscamos o consentimento do participante para fornecer suas informações, para que possamos arquivá-las e, em seguida, conduzir outras atividades de pesquisa sem precisar solicitar detalhes como idade, status socioeconômico, se têm filhos, etc.”
- Se estamos melhorando a experiência de responder a pesquisas para que os usuários se sintam confortáveis, como podemos garantir que isso não crie preconceito?
Jorge Maldonado: “O desafio aqui é o que falamos no final da apresentação: precisamos nos adaptar ao uso da Tecnologia de Marketing, seja uma Comunidade de Insights ou qualquer outra tecnologia disponível. Foi exatamente isso que foi discutido recentemente em um seminário da AMAI. No final, foi dito que o desafio é “aprender a desaprender”. Estamos acostumados a conduzir pesquisas conforme a teoria dita, com amostras representativas, sem viés, e é isso que precisa mudar.
Obtivemos resultados muito bons usando Comunidades de Insights, onde o relacionamento da pessoa é com a marca e onde ambas as partes precisam se conhecer e entender o histórico uma da outra.
As pessoas estão ávidas por informações sobre marcas e, honestamente, prefiro receber feedback de alguém que conheço e que me conhece como marca, independentemente de escolher alguém da população em geral, em vez de alguém que responde apenas por um incentivo financeiro. Com esse conhecimento e relacionamento, a qualidade do insight que obtemos é muito maior.”
Alex Garnica: “ Eu acrescentaria que há uma mudança significativa de atitude. Antes, pensávamos em criar questionários para entrevistas. Agora, temos que pensar em criar tópicos para diálogos, para conversas. O contexto de uma entrevista com um informante é cada vez mais raro.”
Devemos lembrar que as pessoas a quem pedimos informações também têm desejos e interesses, também têm coisas que querem dizer, e não podemos “espremê-las” no corpo de uma entrevista completamente fechada.
É claro que todo protocolo de pesquisa tem vieses, alguns conhecidos e outros desconhecidos. Mas, como Jorge disse ao final da apresentação, na medida em que aumentamos a experiência, e esta é uma experiência agradável para quem fornece a informação, neste caso por meio de um diálogo em vez de uma entrevista, será muito melhor.
- Seria interessante saber se as empresas também confiam nas agências de pesquisa além do público-alvo.
Alex Garnica: ” Parte do protocolo que pretendemos implementar neste programa contínuo para avaliar a confiança em pesquisas de mercado é justamente falar não apenas com os cidadãos que fornecem as informações, mas também com os destinatários dessas informações, como as empresas clientes. Apresentaremos algo sobre esse assunto em algum momento no futuro.”
- O estudo da confiança na pesquisa de mercado concebe a confiança como confiança em um tipo de instituição, como uma entidade que lida com informações confidenciais ou como uma instituição que produz conhecimento?
Alex Garnica: “ Neste caso específico, a questão era quanta confiança o indivíduo tem nos setores, nos setores que coletam informações. Por isso, não falamos sobre uma empresa específica ou as análises que são conduzidas, mas sim sobre o quanto o indivíduo que fornece as informações sente que será bem atendido, que é alguém com quem vale a pena compartilhar suas opiniões honestamente.”
- Os dados deste estudo são públicos? Onde podemos encontrá-los?
Alex Garnica: “ O endereço da rede global é grbn.org. Você pode encontrar todos os dados desta fase de 2018 e das anteriores lá.”
- Como você mantém um relacionamento com seu painel de insights ao longo do tempo? Em outras palavras, como você se mantém ativo e engajado?
Jorge Maldonado: “Por meio do engajamento entre o membro da comunidade e a marca, buscamos construir relacionamentos em nível individual, como em um relacionamento pessoal. Se você conhece a pessoa, sabe do que ela gosta, quais são seus interesses, etc., e isso você inclui na “conversa”.
- O que pode ser feito ao coletar informações para reduzir as preocupações dos participantes sobre o tratamento de seus dados pessoais?
Jorge Maldonado: “Tenha um relacionamento com a marca baseado na confiança. A conversa é entre a marca e o indivíduo, e, obviamente, aceitando os termos de privacidade/confidencialidade.”
- Não há riscos de viés de informação na coleta de dados usando painéis, dado que os participantes se tornam “especialistas” em responder pesquisas?
Jorge Maldonado: “Em plataformas onde há um incentivo transacional (dinheiro, pontos, etc.), é complexo. Em plataformas onde o “incentivo” é o engajamento, não há “profissionais”.
- O que você acha que o México está fazendo melhor do que outros países para construir a confiança das pessoas nas empresas de pesquisa de mercado?
Jorge Maldonado: A pesquisa não se aprofundou nesse aspecto. No entanto, a precisão das pesquisas de intenção de voto em comparação com os resultados reais das últimas eleições pode ser um fator que aumenta a confiança entre os mexicanos.
Mais uma vez, agradecemos a Alex Garnica, vice-presidente executivo da AMAI, e Jorge Maldonado, gerente geral da Provokers OdelaRoquette, por compartilharem seu conhecimento e experiência em nosso webinar: “Estudo do nível de confiança em pesquisas de mercado”.
